segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O ESPORÃO DE CALCÂNEO




Como é sabido, os exercícios são fundamentais para o bem estar do ser humano. A máquina humana necessita de atividades físicas para manter o equilíbrio, harmonia e regulagem dos nossos vários sistemas e não raro somos obrigados por ordem médica a realizarmos caminhadas regulares, perder peso ou praticar alguma forma de exercício para mantermos o nosso equilíbrio.

Devido a isto estamos expostos às mais variadas doenças do aparelho locomotor, sejam atletas profissionais ou os chamados atletas de fins de semana e ainda pessoas que trabalham em pé ou andam muito por longos períodos.

Os nossos pés são o meio de contato com o solo, são responsáveis pela absorção do impacto e distribuição do nosso peso quando corremos ou mesmo durante a marcha normal. Durante o apoio do pé no solo nem toda a planta do pé mantêm contato com o chão, temos um triângulo com três pontos que dá sustentação durante a marcha, posteriormente o osso calcâneo, na inserção da fáscia plantar e 2 apoios na parte anterior do pé que são as cabeças do 1º e 5º metatarsos.

Um dos motivos mais frequentes de consultas ao cirurgião ortopedista é a dor no calcanhar. Pode ter várias causas, mas sem dúvida a causa mais frequente é o esporão de calcâneo, também conhecida como fascite plantar (FP).

A Fascite Plantar é a inflamação da fáscia plantar, uma estrutura fibrosa espessa localizada na planta do pé e se estende do osso do calcanhar em direção aos dedos.


É importante fazermos a distinção entre fascite plantar e o esporão de calcâneo. O esporão é um crescimento ósseo que ocorre no osso calcâneo e localiza-se adjacente à fascia plantar.

Antigamente um dos tratamentos era a resseçção cirúrgica do esporão e sabemos hoje que a presença ou ausência, bem como o tamanho do esporão plantar do calcâneo não é a causa da dor.


Pessoas com peso excessivo ou que necessitam trabalhar em pé ou andar por longos períodos são considerados de alto risco em apresentar a FP.

Alterações na formação do arco dos pés (queda ou acentuação do arco, conhecidos como pé chato ou pé plano) também são fatores causais da doença.

A queixa mais comum é a dor no calcanhar ao levantar-se no período da manhã e que melhora após algum tempo, dor intensa a tal ponto que o paciente tem que andar muitas vezes na ponta do pé.

De maneira geral o quadro clinico é crônico, com duração de vários meses e acompanhado por períodos variáveis de remissão expontânea.

Os exames de radiografias simples podem ou não mostrar um esporão ósseo, sendo a ultrassonografia um método importante de avaliação da integridade e qualidade da fáscia plantar.

O tratamento inicialmente é sempre conservador, isto é, medicação com antiinflamatórios, uso de palmilhas para absorção do impacto, fisioterapia com exercícios para alongamento da fáscia plantar. Deve-se suspender as atividades de corrida ou longas caminhadas e perder qualquer peso excessivo.

Em torno de 70% dos casos o tratamento conservador traz bons resultados e naqueles pacientes que não melhoram está indicado o tratamento cirúrgico, apesar dos resultados serem discutíveis.

A Medicina tem evoluído nos últimos tempos proporcionando novos métodos de tratamentos mais eficazes, menos invasivos e com menores riscos ao paciente.

É o caso da Terapia por Ondas de Choque Extracorpórea (foto do aparelho Epos Ultra), que chegou recentemente ao Brasil e está sendo ministrada por ortopedistas em algumas cidades como São Paulo, Brasília e Porto Alegre. Através de um aparelho fora do corpo humano, as ondas de choque são aplicadas no local da inflamação produzindo uma neovascularização com consequente reparação do tecido inflamado.

Ondas de choque são ondas mecânicas, acústicas e não tem relação com eletricidade e não emitem calor. O procedimento é realizado por um médico ortopedista, em 3 aplicações com intervalos semanais e duração em média de 45 minutos.

É uma alternativa ao tratamento cirúrgico, com 90% de bons resultados no tratamento da fascite plantar.Também está indicado nos pacientes que se submeteram à cirurgia e que continuam com os sintomas (30% dos casos).

Apresenta muitas vantagens com relação ao tratamento cirúrgico:

- método não invasivo, sem cicatrizes

- não requer internação hospitalar

- não necessita de anestesia, com eliminação dos riscos da cirurgia e anestesia

- não causa outros problemas possíveis decorrentes dos riscos cirúrgicos e anestésicos

- não é considerado doping

- recuperação num curto espaço de tempo

- não requer afastamento do trabalho

- não necessita preparo especial prévio.


Apresenta mínimos efeitos colaterais:

- desconforto local discreto durante a aplicação

- aparecimento de pequeno hematoma no local da aplicação que desaparece expontaneamente em 24 horas.


Contra-indicações em pacientes com:

- marca-passo cardíaco

- gestantes

- crianças

- pacientes com distúrbios de coagulação.


A terapia por ondas de choque é indicada para doenças do sistema osteomuscular tais como as calcificações no ombro, as epicondilites (cotovelo de tenista ou golfista) e pseudo-artroses (fraturas que não consolidam).

Durante o tratamento utiliza-se um aparelho de ultrassonografia que traz um "cross-hair" (mira), proporcionando durante todo o tempo da terapia a localização exata e on-line da área a ser tratada, com precisão exata do local inflamado e focando a onda de choque no ponto necessário da lesão.

O método é comprovadamente eficaz no meio médico internacional, sendo utilizado na Europa desde 1990 com bons resultados em torno de 90% dos casos. Aproximadamente 2,5 milhões de norte-americanos apresentam FP e estima-se que 1 milhão de brasileiros procuram os consultórios de ortopedia com os sintomas da doença.

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